Natural de Paraná, padre João Batista de Oliveira foi nomeado pelo Papa Francisco como Bispo para a Diocese de Corumbá e recebeu o título de Monsenhor. Nossa Pascom pode conversar e entrevista-lo para conhecer mais a história e a vida novo Pastor da nossa Igreja local. Com nome de Batismo João Batista, é o primogênito de uma família numerosa, sendo o primeiro de 12 filhos. Desde cedo, ele foi imerso em um ambiente de fé e devoção, com pais provenientes de famílias profundamente religiosas. “Sempre fomos levados à igreja desde a infância”, recorda Monsenhor João Batista. Essa experiência inicial foi funda

mental para cultivar a espiritualidade que o acompanharia por toda a vida.
O contato com a fé cresceu junto com ele. Fez sua catequese e recebeu a Eucaristia, momento que se tornou crucial em sua vocação. “Na minha Primeira Eucaristia, o padre que celebrava era missionário polonês e, por coincidência, estava de férias. Como em Ponta Grossa havia um seminário menor, ele convidou alguns meninos para visitá-lo, e foi ali que a semente do sacerdócio foi plantada”, conta. Mesmo com as dificuldades da vida no campo e a necessidade de ajudar na lavoura da família, o desejo de seguir a vida religiosa nunca o abandonou. Ativamente engajado na igreja, participava de grupos de jovens, grupos bíblicos e de reflexão. “Nunca me desvinculei. A chama da vocação sempre permaneceu acesa”, disse.
Quando a juventude chegou, o futuro de Monsenhor João parecia incerto. “Cheguei a namorar, mas, por dentro, sentia que minha verdadeira vocação estava em outro lugar. E, assim, a chamada ao sacerdócio nunca se afastou de mim.” Aos 23 anos, um padre que trabalhava intensamente na paróquia o convidou para entrar no seminário. “Naquele momento, eu pensei: ‘Agora é tarde, estou com 23 anos e só tenho a quarta série completa'”, lembra. Mas o padre, com entusiasmo, respondeu: “Nunca é tarde”. Com isso, contra as expectativas e limitações, ele decidiu seguir o caminho do sacerdócio.
Começou seus estudos no seminário menor, cursando a quinta série e, depois, completando o ensino médio em três anos. “Foi um grande desafio, mas eu estava determinado”, afirma. Sua trajetória acadêmica e espiritual o levou a passar pelo Seminário Propedêutico, cursar Filosofia, seguir para o Noviciado, e, finalmente, completar toda a sua formação na Congregação dos Missionários do Verbo Divino.
No dia 24 de fevereiro de 2001, Monsenhor João foi ordenado sacerdote, já com um destino missionário traçado: o Equador. “Quando fizemos os votos perpétuos, já havia a possibilidade de pedir a missão. Fui enviado ao Equador, onde pude vivenciar uma experiência missionária muito rica”, relata, com brilho nos olhos ao recordar esse marco em sua vida religiosa.
Sua missão em Guayaquil foi transformadora, enfrentando os desafios culturais e sociais e exercendo um papel essencial na evangelização.
“No Equador, pude aprender muito não só sobre a fé, mas também sobre a vida, as dificuldades do povo e a importância da presença da Igreja em lugares onde a necessidade é ainda mais urgente”, lembra com carinho e emoção.
Após esse período, retornou ao Brasil e assumiu diversas funções, sempre em contato próximo com a comunidade e com a formação de novos sacerdotes. Com o tempo, se envolveu também com as vocações e a formação religiosa, parte de seu compromisso contínuo com a Igreja. Sua jornada o levou a diferentes paróquias e dioceses, onde foi moldando sua experiência pastoral com um foco claro na espiritualidade e no serviço às irmãs e irmãos.
Em 2011, foi enviado para assumir a direção do noviciado no Vale do Ribeira, uma experiência que se prolongaria. “Lá fiquei por seis anos e, ao final de 2016, fui eleito superior da Província Centro do Brasil [da Congregação do Verbo Divino]”, lembra. Trabalhar com as pessoas, especialmente lidando com as diferenças e dificuldades, sempre foi um grande desafio, mas também uma oportunidade de crescimento. “Durante meu mandato, pude me aproximar mais das pessoas e perceber a profundidade da missão que todos nós temos dentro de nós”, reflete.
Após seu período como provincial, ele foi destinado à Rondônia, onde assumiu uma nova paróquia. “Cheguei aqui em 2022, e desde então tenho trabalhado na paróquia. Este último ano foi repleto de experiências ricas, de muito aprendizado com o povo de Deus que tanto acolhe e nos ensina”, relata.
Esses anos de trabalho missionário e de formação foram essenciais para a construção de sua visão pastoral. “A missão no Equador foi desafiadora, marcada pela violência, narcotráfico e conflitos juvenis. Mas a acolhida do povo local sempre me gratificou”, compartilha. A experiência no Brasil, especialmente com a formação de novos missionários, também teve grande impacto. “Ajudar os jovens a descobrir sua vocação e reforçar os valores da fé sempre me marcou profundamente.”
Agora, com a nomeação para o episcopado, Monsenhor João Batista leva consigo a bagagem de tantas experiências vividas. Quando recebeu a notícia de sua nomeação, ficou inicialmente apreensivo. “Quando o Núncio Apostólico me ligou, ele me explicou toda a situação. Claro, a vontade inicial era dizer ‘não’, pois é um grande desafio. Mas ele me fez refletir sobre algo importante: ‘Você foi escolhido porque há pessoas que acreditam em seu trabalho’. Isso me fez entender que a decisão não vem de uma única pessoa, mas de um conjunto de avaliações e escolhas”, relembra.
Esse processo de reflexão diante do chamado foi essencial: “A vocação é um processo que exige abertura, entrega e também discernimento. Olhando agora, com o coração tranquilo, vejo que esse Chamado é uma oportunidade de servir ainda mais, de dar continuidade ao trabalho que já venho desenvolvendo”, pondera. Mesmo com a insegurança inicial, ele encontrou forças para aceitar o desafio. “Quando Deus nos coloca em uma missão, Ele nunca nos abandona”, diz, com toda confiança.
“Está sendo um momento forte. Deus tem sido exigente, me empurrando para novas situações. Mesmo com toda a minha caminhada e maturidade, esses desafios continuam a tocar minha vida”, explica com sinceridade.
Refletindo sobre os desafios da Igreja nos dias atuais, especialmente sob a liderança do Papa Francisco, Monsenhor João vê um convite claro para a Igreja se colocar em movimento. “A Igreja em Saída é uma Igreja que vai ao encontro das pessoas, sem medo de olhar para as periferias, para as situações de fragilidade. O Papa Francisco tem sido uma grande voz nesse sentido, nos convocando a sermos mais sensíveis”, observa. Para ele, a Igreja precisa estar atenta aos sinais dos tempos, com um olhar compassivo e sensível, sem medo de se abrir às novas realidades.
Ele também reconhece as tensões geradas por esse processo de transformação. “Há resistência em algumas áreas, onde, ao invés de avançarmos, vemos um retorno ao tradicionalismo. Mas é justamente esse movimento de tensão que mostra

que estamos vivendo um momento de grande transformação na Igreja”, afirma. Esse momento é, para ele, uma oportunidade para renovar a Igreja e torná-la mais próxima das pessoas, mais fiel ao seu verdadeiro propósito.
A pluralidade da Igreja hoje, com suas diversas realidades e culturas, é um grande aprendizado. “A Igreja precisa ser dinâmica, viver um processo contínuo de conversão. Isso exige um esforço conjunto, onde todos estão dispostos a se comunicar e a buscar, a cada dia, ser o melhor possível”, conclui Monsenhor João, com a confiança de quem sabe que a caminhada está apenas começando.
Ao pensar numa mensagem de início de ano e novo ciclo, Monsenhor João Batista nos chama atenção ao vivermos para a esperança “centrando Filho do Pai, o Deus-menino, que se encarna e nos dá a possibilidade de renovar e nos dá o Espírito de Diálogo, Perdão e da Reconciliação” finaliza.
Nossa Diocese já o acolhe com verdadeira esperança e espírito filial para que a rica história dessa terra continue sendo escrita com fidelidade ao Pai sob a proteção de Maria, mãe e mestra de nossa Igreja.


