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A Sé Vacante e o Caminho para a Eleição do Novo Papa 

A Sé Vacante e o Caminho para a Eleição do Novo Papa 

Apostolica Sedes Vacans
                           Apostolica Sedes Vacans

Com o retorno do Papa Francisco à Casa do Pai,  a Igreja Católica vive um dos momentos mais significativos de sua estrutura canônica: a Sé Vacante, período em que o trono de Pedro permanece vago até a eleição de um novo pontífice. Este intervalo, longe de ser uma simples transição burocrática, é um tempo de profunda reflexão espiritual, marcado por ritos centenários e uma organização minuciosa que assegura a continuidade da missão da Igreja.

No centro desse processo está a figura do Camerlengo, atualmente o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell, que assume a liderança na administração vaticana com uma série de responsabilidades. Cabe a ele não apenas atestar oficialmente o falecimento do pontífice e selar seus aposentos particulares, mas também garantir que a gestão eclesiástica continue harmoniosamente, preparando os ritos fúnebres e, sobretudo, organizando o Conclave – a assembleia que elegerá o próximo sucessor de Pedro.

Paralelamente, o Colégio Cardinalício, formado por 252 cardeais de todas as partes do mundo – entre eles, oito brasileiros –, assume um papel fundamental. No entanto, apenas 138 desses cardeais, por terem menos de 80 anos, estão aptos a participar da eleição, incluindo sete representantes do Brasil. São eles que, reunidos na Capela Sistina, em clima de oração e discrição absoluta, decidirão o futuro pontífice da Igreja.

O Conclave, que deve ter início entre 15 e 20 dias após a morte do Papa, é um dos eventos fascinantes da tradição católica. Isolados do mundo exterior, os cardeais votam em sigilo até que um nome alcance dois terços dos votos. Cada escrutínio é anunciado pela emblemática fumaça branca, sinal de que um novo pastor foi escolhido para guiar e animar o rebanho de Cristo.

Enquanto a Igreja se prepara para esse momento decisivo, os fiéis são convidados a acompanhar com devoção os ritos fúnebres do Papa Francisco, que seguirão o estilo simples e humilde que marcou seu pontificado. Diferentemente de seus predecessores, Francisco optou por um caixão único de madeira, sem os tradicionais três invólucros, e dispensou o catafalco elevado, preferindo que seu corpo repousasse diretamente no caixão aberto, como testemunho de sua vida dedicada à simplicidade evangélica. Seu desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, em vez da Basílica de São Pedro, reforça sua profunda ligação com a Virgem Maria e seu compromisso com uma Igreja mais próxima dos pequenos.

Neste momento de dor, mas também de esperança, a comunidade católica se une em oração, confiante de que o Espírito Santo assistirá os cardeais na escolha do próximo Papa. A morte de Francisco encerra um momento marcado pela misericórdia, pelo diálogo e pelo olhar voltado para as periferias existenciais, mas a fé nos assegura que a Igreja, guiada por Deus, seguirá seu caminho.

Que o Papa Francisco, incansável defensor dos pobres e pastor de coração aberto, descanse em paz, e que a luz do Ressuscitado ilumine a Igreja neste tempo de discernimento e renovação, ele que, é recebido pelo Pai, será nosso intercessor no cuidado com a Vida de nossa Casa Comum.

 

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Camerlengo” refere-se a um título medieval, geralmente associado a um cardeal da Igreja Católica, que significa “adido à câmara” ou “tesoureiro”, comumente implicando “tesouro” e “do soberano”. A palavra deriva do latim camerarius, passando pelo frâncico kamerling e, finalmente, para o português camerlengo. O título de Camerlengo da Santa Igreja Romana, na Igreja Católica, refere-se a um Cardeal do Colégio dos Cardeais, que preside à Câmara Apostólica e exerce a autoridade papal em caso de vacância ou incapacidade do Papa.

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